O jeito certo de usar cleansing oil para evitar poros entupidos e espinhas

Dermatologistas concordam: se você vai usar cleansing oil (óleo de limpeza), há algumas coisas importantes a fazer para evitar o surgimento de espinhas.

Se você quiser iniciar um debate sobre cuidados com a pele, basta mencionar os óleos de limpeza ou cleansing oil, como é conhecido fora do Brasil. Algumas pessoas acreditam que eles são o verdadeiro tesouro dos limpadores hidratantes — eficazes na remoção de maquiagem em todos os tipos de pele. Já outras defendem com firmeza que eles jamais devem ser usados (especialmente em peles oleosas e com tendência à acne). No entanto, há um ponto em que todos os dermatologistas concordam: se você vai usar cleansing oil, é essencial evitar alguns erros comuns.

Antes de entrarmos na parte do “o que não fazer”, é importante entender como os óleos de limpeza funcionam — e por que eles realmente podem merecer um espaço na sua rotina. A seguir, conversamos com Lian A. Mack, médica dermatologista certificada em Nova York; Gretchen Frieling, dermatopatologista com três certificações, baseada em Boston; e Rachel Nazarian, também dermatologista certificada em Nova York, para reunir tudo o que você precisa saber sobre o uso do óleo de limpeza.

O que é um cleansing oil ou óleo de limpeza?

Segundo a Dra. Lian A. Mack, “óleos de limpeza são uma emulsão de óleo em água, o que significa que pequenas gotículas de óleo ficam suspensas na água, mesmo sem se dissolver nela”. Esses óleos têm a capacidade de dissolver impurezas e sujeiras que têm como base o óleo (mais sobre isso adiante), ajudam a remover o excesso de sebo natural da pele e ainda limpam poros obstruídos. Além disso, eles colaboram na retenção da hidratação, dando uma aparência mais viçosa e revitalizada à pele seca ou cansada.

A ciência por trás do óleo de limpeza

Lembra das aulas de química no colégio? A famosa regra “semelhante dissolve semelhante” se aplica aqui também. Os óleos presentes nesses limpadores se ligam aos óleos e impurezas da sua pele, facilitando sua remoção.

Embora óleo e água normalmente não se misturem (outro clássico do ensino médio), os cleansing oils foram desenvolvidos justamente para contrariar essa regra. Ao entrarem em contato com a água, eles sofrem um processo chamado “emulsificação”, no qual os dois elementos se combinam e viram uma espécie de leite de limpeza, que leva toda a sujeira embora com suavidade.

Como usar cleansing oil

Existem duas maneiras principais de inserir um limpador oleoso na sua rotina de cuidados com a pele, e a escolha ideal depende tanto do seu tipo de pele quanto da quantidade de maquiagem que você costuma usar.

1. Usar cleansing oil sozinho

Para quem tem pele seca ou sensível, o usar cleansing oil exclusivamente pode ser suficiente para remover as impurezas e manter a pele limpa e hidratada, sem precisar de outros produtos complementares.

A Dra. Frieling explica que “óleos de limpeza ajudam a equilibrar a oleosidade natural da pele, mantendo a hidratação e a nutrição do rosto — ao contrário dos sabonetes faciais em espuma, que podem remover a umidade natural e deixar a pele ressecada”.

Além disso, esses óleos auxiliam na proteção da camada lipídica da pele e também na preservação das bactérias benéficas que vivem na epiderme. Diferente dos demaquilantes tradicionais e limpadores com surfactantes, os óleos de limpeza são extremamente suaves e conseguem limpar sem causar ressecamento.

2. Usar cleansing oil como o primeiro passo da dupla limpeza

Se você tem pele oleosa ou costuma usar bastante maquiagem, o mais indicado é incorporar o óleo de limpeza como a primeira etapa de uma rotina de double cleansing (limpeza dupla).

“Óleos de limpeza funcionam super bem como o primeiro passo do seu ritual de cuidados, especialmente para quem usa maquiagem”, diz a Dra. Nazarian.

Nesse caso, você começa aplicando o óleo, que vai dissolver a maquiagem e o excesso de oleosidade. Em seguida, entra com um segundo limpador — à base de água ou com ativos — para limpar profundamente os poros e preparar a pele para os próximos produtos da rotina.

Erros comuns ao usar cleansing oil

Tanto a Dra. Nazarian quanto a Dra. Mack recomendam o uso de óleo de limpeza e acreditam que ele pode ser utilizado por todos os tipos de pele. No entanto, elas observam que muitas pessoas cometem os mesmos seis erros que comprometem os resultados do produto.

1. Aplicar o óleo com o rosto molhado

Ao contrário dos sabonetes espumantes, que precisam de água para fazer efeito, o cleansing oil deve ser aplicado com o rosto seco. Molhar a pele antes pode atrapalhar o desempenho do produto e impedir que ele dissolva corretamente a sujeira e a maquiagem. “O maior erro que vejo as pessoas cometerem é misturar o cleansing oil com água antes de massageá-lo na pele”, afirma a Dra. Nazarian.

A ideia é que o óleo tenha tempo de se misturar com a oleosidade natural, sujeira e maquiagem do rosto — e como água e óleo naturalmente se repelem, colocar água logo de cara atrapalha a ação do produto e impede que ele limpe a pele de forma eficaz. O ideal é aplicar o óleo no rosto seco, massageando em movimentos circulares. Só depois disso, adicione água para emulsificar e enxaguar.

2. Usar água fria

A temperatura da água é mais importante do que parece na hora de remover o óleo de limpeza. “Quanto mais fria a água, maior a chance de o óleo se solidificar e perder a eficácia”, explica a Dra. Nazarian. “Água morna ajuda o óleo a se manter em estado líquido, o que facilita sua interação com a oleosidade e as impurezas da pele.”

Mas atenção: morna não significa quente. Água muito quente pode agredir a barreira da pele e anular os benefícios hidratantes do produto.

razoes para usar oleo de amendoas no skincare, como usar cleansing oil poros

3. Não enxaguar completamente

Diferente dos óleos faciais que permanecem na pele como passo final de hidratação, após usar cleansing oil, eles precisam ser totalmente removidos. Caso contrário, podem causar espinhas e atrapalhar a absorção dos demais produtos da rotina.

“Ao não remover completamente o óleo de limpeza, você corre o risco de irritações e também de impedir que outros ativos penetrem na pele”, alerta a Dra. Nazarian. Ela reforça que é essencial finalizar essa etapa com um enxágue adequado, preferencialmente usando um limpador suave e água, para garantir que a pele esteja pronta para os próximos passos da rotina de cuidados.

4. Usar óleo demais

Outro erro comum, segundo a Dra. Mack, é exagerar na quantidade de óleo. Isso dificulta o enxágue e pode deixar resíduos que entopem os poros, favorecendo o surgimento de acne. A dica dela é usar uma pequena quantidade — mais ou menos o equivalente ao tamanho de uma moeda de um centavo. “Um pouco de óleo de limpeza já é suficiente para fazer o trabalho direitinho”, comenta.

5. Não fazer dupla limpeza

Se você está enfrentando espinhas após começar a usar cleansing oil, provavelmente está pulando a parte de remover o produto corretamente. Por isso, a Dra. Mack recomenda a técnica da dupla limpeza (double cleansing): primeiro com o óleo, depois com um limpador à base de água, para garantir que nenhum resíduo fique na pele.

“É importante aplicar o óleo de limpeza primeiro e, depois, usar um limpador suave para retirá-lo — de preferência com um pano macio ou toalhinha de rosto”, orienta a Dra. Mack. Se mesmo seguindo essa rotina de double cleansing você continuar tendo espinhas, pode ser sinal de que o óleo escolhido está obstruindo seus poros.

6. Usar óleo de limpeza com muita frequência

Sim, exagerar até em algo bom pode ser um problema. Quando você usa óleo de limpeza muitas vezes, corre o risco de remover em excesso o sebo natural da pele. Isso faz com que as glândulas sebáceas entrem em modo de emergência e comecem a produzir ainda mais oleosidade, o que pode causar desequilíbrio.
A Dra. Sarah Villafranco, fundadora da Osmia Organics, já explicou que o ideal é começar usando o óleo uma vez por semana, observar como sua pele reage e, aos poucos, aumentar a frequência — até, quem sabe, usá-lo diariamente. Se perceber ressecamento, diminua o uso.

7. Escolher o óleo errado para sua pele

“A Jennifer Lopez jura que sua aparência jovem vem do uso de azeite de oliva, mas não é hora de correr pra cozinha e pegar a garrafinha ainda”, brinca a Dra. Mack. Nem todos os óleos servem para limpar a pele. Alguns, como o azeite, são altamente comedogênicos — ou seja, têm maior chance de causar cravos e espinhas.

Como usar cleansing oil da forma correta

Agora que você já sabe o que não fazer ao usar óleo de limpeza, a Dra. Mack resume de forma prática como aplicar o produto do jeito certo:

1. Aplique o produto
Comece colocando uma pequena quantidade de cleansing oil (mais ou menos do tamanho de uma moeda de 1 real) nas mãos limpas. Aplique diretamente no rosto seco.

2. Massageie a pele
Com movimentos circulares e suaves, massageie o óleo por todo o rosto. Essa fricção suave aquece a pele e o produto, ajudando a abrir os poros e permitindo que o óleo penetre melhor, dissolvendo as impurezas.

3. Enxágue bem
Use água morna e um pano macio e úmido para remover completamente o óleo da pele, junto com a sujeira e o excesso de oleosidade que ele “capturou”. É essencial retirar todo o produto antes de seguir com os próximos passos, pois resíduos podem obstruir os poros e prejudicar a absorção dos demais cosméticos.

4. Segunda limpeza (opcional)
Se quiser um resultado mais profundo, siga com um segundo limpador — pode ser um sabonete facial à base de água ou até um com ativos esfoliantes suaves. O importante é fazer bastante espuma e enxaguar bem para deixar a pele pronta para o restante da sua rotina.

Como escolher o melhor óleo de limpeza para sua pele

Assim como acontece com outros produtos de cuidados com a pele, há uma infinidade de óleos de limpeza disponíveis por aí. Para a Dra. Mack, o segredo está em escolher aquele que melhor se adapta ao seu tipo de pele.

Um ponto importante que ela recomenda para todos, independentemente da pele, é optar por um óleo de limpeza sem fragrância. Isso ajuda a reduzir o risco de reações alérgicas e irritações, como a dermatite de contato.

Óleo de limpeza para pele seca

Pele seca pode se beneficiar da limpeza suave e da hidratação extra proporcionada pelos óleos faciais. A Dra. Mack recomenda escolher produtos que contenham óleos como azeite de oliva, óleo de coco ou óleo de abacate, que ajudam a nutrir e manter a hidratação da pele.

Óleo de limpeza para pele oleosa ou propensa a acne

Mesmo quem tem pele oleosa ou com tendência a acne pode usar óleo de limpeza, segundo a Dra. Mack. Isso acontece porque os óleos de limpeza são aplicados de forma rápida e removidos logo em seguida, o que representa um risco muito baixo de piorar as condições de acne. Para esses casos, ela sugere óleos formulados com ingredientes como óleo de jojoba, óleo de argan ou óleo de marula, que ajudam a regular a produção de oleosidade da pele.

Conclusão final

No fim das contas, o óleo de limpeza pode ser super útil, especialmente para remover a maquiagem pesada ou para peles secas. Quando usado da forma certa, ele pode se tornar um item essencial em praticamente qualquer rotina de cuidados com a pele. Lembre-se de usar um óleo adequado para o rosto (deixe o azeite de oliva da cozinha de lado) e de aplicá-lo sempre na pele seca, para garantir que ele remova todas as impurezas. O mais importante é remover todo o resíduo do produto da pele — e, se necessário, fazer uma segunda limpeza — para evitar o entupimento dos poros e prevenir o aparecimento de espinhas.

Doutores citados no artigo:

  • Gretchen Frieling: Dermatopatologista baseada em Boston e fundadora da GFaceMD.
  • Lian A. Mack: Dermatologista certificada, com prática em Nova York.
  • Rachel Nazarian: Dermatologista certificada do Schweiger Dermatology Group em Nova York.

Texto adaptado de Well+Good

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.