O óleo de capim-limão realmente repele carrapatos? Esta especialista decidiu descobrir

Pesquisadores da Universidade Acadia, no Canadá, avançaram nas investigações sobre formas de proteger as pessoas contra os carrapatos de patas negras — transmissores da Doença de Lyme — e obtiveram resultados promissores com o uso do óleo essencial de capim-limão.

Nicoletta Faraone, do departamento de química da universidade, afirma que a descoberta de sua equipe, publicada na revista Current Research in Insect Science, pode abrir caminho para repelentes naturais mais eficazes e que sejam uma alternativa mais segura aos produtos químicos sintéticos, como o DEET.

Os carrapatos de patas negras não têm olhos e dependem quase exclusivamente do olfato para encontrar um hospedeiro ao qual se prender.

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O óleo essencial de capim-limão já está sendo utilizado em um produto local que o laboratório da pesquisadora testou para avaliar sua eficácia — mas ela queria entender o porquê de ele funcionar.

“Queríamos descobrir como o mecanismo de repelência funciona, porque sabemos muito pouco sobre o sistema sensorial dos carrapatos — como eles sentem cheiro e como provam as coisas,” explicou Faraone. “O que sabemos é que os carrapatos são praticamente cegos, então se orientam no ambiente pelo olfato e pelo paladar.”

Ela e sua equipe queriam descobrir se o óleo realmente repele os carrapatos ou apenas disfarça o cheiro das pessoas — e também se a exposição prolongada ao óleo afetaria a capacidade olfativa do carrapato.

Segundo ela, os testes indicaram que o óleo realmente parece mascarar o cheiro.

Em um teste inicial, eles expuseram um carrapato aos vapores do óleo por 20 minutos e, em seguida, verificaram se ele ainda conseguia detectar um atrativo.

“O carrapato ficou confuso,” disse ela. “Ele demonstrou ser repelido à distância, mas se for exposto por mais tempo ao repelente, perde a capacidade de detectar odores.”

Ela explicou que isso é importante porque, ao usar um produto feito com o óleo, uma pessoa pode evitar que o carrapato suba em seu corpo. E mesmo que o carrapato não seja totalmente repelido, ele pode ficar desorientado e acabar caindo do hospedeiro em potencial por não conseguir sentir seu cheiro.

“A próxima pergunta é: o cheiro está sendo mascarado, mas por quanto tempo isso vai funcionar?” questionou Faraone. “Será que o carrapato será afetado por estar exposto ao repelente? Ele pode morrer, ou sofrer algum tipo de comprometimento permanente? Essas são as perguntas que vamos tentar responder na próxima fase do estudo.”

Ela explicou que, entre os carrapatos coletados por sua equipe na Nova Escócia, cerca de 70% estavam infectados com a bactéria responsável pela Doença de Lyme. Com isso, os pesquisadores quiseram investigar se havia alguma diferença no comportamento dos carrapatos infectados em comparação com os que não estavam — e também se a presença da bactéria tornava esses carrapatos mais resistentes ou mais difíceis de repelir.

“Testamos isso e não observamos nenhuma diferença, mas também não sabemos exatamente a quantidade do patógeno que cada carrapato carrega,” disse Faraone.

No entanto, esses resultados iniciais não significam que as pessoas devam sair se besuntando com óleo essencial de capim-limão antes de entrar em áreas de mata.

“Tudo é composto químico, e qualquer substância usada em concentração inadequada pode ser perigosa,” alertou Faraone. “Óleos essenciais podem causar irritações na pele, ser tóxicos para animais de estimação e fazer mal se não forem usados corretamente.”

Apesar disso, por ser um produto natural, o capim-limão é mais amigável ao meio ambiente. Já o DEET sintético tem sido associado a impactos negativos tanto para a saúde quanto para o meio ambiente — incluindo toxicidade para a vida aquática e irritações cutâneas.

Ainda assim, segundo Faraone, plantar uma cerca viva de capim-limão ao redor da propriedade não é uma solução eficaz, já que os carrapatos podem continuar entrando por meio de animais e aves.

Adaptado de The ChronicleHerald

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